République du Portugal

Portugal

Proposition de loi sur la reconnaissance officielle du mirandais (2003)

Le texte en français est une traduction du portugais par Jacques Leclerc. On peut consulter aussi la Loi no 7/99 du 29 janvier 1999 relative à la reconnaissance officielle des droits linguistiques de la Communauté mirandaise.

Proposta para o recoñecemento oficial - Mirandés
(Asturiano en Espanha)

PROPOSTA DE LEI Nº 534/VII


Publicado o luns 27 de outubro do 2003

EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS

O complexo linguístico a que se tem chamado Língua Mirandesa é um idioma neolatino conservado e falado em território português, desde o nascimento das línguas românicas ibéricas, filhas do latim popular. O mirandês não é, pois, nem uma variedade do português, nem tão pouco uma variedade do castelhano, mas antes uma sobrevivência histórica dum grupo linguístico peninsular que, em épocas históricas anteriores, conheceu uma importante vitalidade, o asturo-leonês. Assim, o mirandês é uma língua viva e estuturalmente individualizada dos demais idiomas com os quais hoje convive.

O Mirandês é, no presente momento histórico, uma língua referenciada a uma área aproximada de 500 Km2, situada no Nordeste de Portugal, a sudeste do distrito de Bragança, ao longo da fronteira com a Espanha, abrangendo o concelho de Miranda do Douro e uma parte do de Vimioso.

O número total de falantes do mirandês é estimado, acualmente, entre os 12.000 e 15.000, o valor mais baixo registado desde há pelo menos dois séculos. Sob a pressão do português e a influência crescente do castelhano, o mirandês tem vindo a reduzir a sua esfera de utilização ao meio familiar e às relações de vizinhança. Para além disto, a área geográfica coberta pelo mirandês tem vindo a regredir.

[...] O Mirandês é, como todas as línguas naturais, um legado cultural de incomensurável valor. Esta língua materna integra a cultura de um Povo, não só por ser um dos modos como a cultura se exprime mas, sobretudo, por constituir um instrumento de comunicação, de identificação e de memória colectivas.

A defesa da Língua Mirandesa depende, essencialmente, da dedicação e do uso por parte dos seus falantes, mas o mirandês é também um compromisso cultural e patrimonial irrecusável para o Estado Português. A Administração não pode, assim, demitir-se desta responsabilidade histórica.

Nestes termos, ao abrigo das disposições constitucionais e regimentais aplicáveis, os Deputados abaixo-assinados apresentam o seguinte projecto de Lei:

Artigo 1º

O presente diploma visa reconhecer e promover a Língua Mirandesa.

Artigo 2º

O Estado Português reconhece o direito a cultivar e promover a Língua Mirandesa, património cultural, instrumento de comunicação e de reforço de identidade da Terra de Miranda.

Artigo 3º

É reconhecido o direito da criança à aprendizagem do mirandês, nos termos a regulamentar.

Artigo 4º

As instituições públicas localizadas ou sediadas no concelho de Miranda do Douro poderão emitir documentos acompanhados de uma versão em Língua Mirandesa.

Artigo 5º

É reconhecido o direito a apoio científico e educativo tendo em vista a formação de professores de língua e cultura mirandesas, nos termos a regulamentar.

Artigo 6º

O presente diploma será regulamentado no prazo de 90 dias a contar da sua entrada em vigor.

Artigo 7º

O presente diploma entra em vigor 30 dias após a data da sua publicação.

Miranda do Douro, 20 de Outubro de 1998

O Presidente de Comissão

Pedro Pinto

Proposition pour la reconnaissance officielle du mirandais
(asturien en Espagne)

Proposition de loi no 534/VII

Publié le 27 octobre 2003

EXPOSÉ DES MOTIFS

La réalité linguistique complexe qui a été appelée «langue mirandaise» est un idiome néo-latin conservé et parlé sur le territoire portugais, depuis la naissance des langues romanes ibérique, filles du latin populaire. Le mirandais n'est pas donc pas une variété du portugais, ni une variété du castillan, mais plutôt une survivance historique d'un groupe linguistique de cette péninsule, au début des temps historiques, qui a connu une vitalité importante comme l'asturo-léonais.
Ainsi, le mirandais est une langue vivante et structurellement individualisée par apport aux autres langues qui coexistent aujourd'hui.

Le mirandais est, en ce moment historique, une langue délimitée à une superficie d'environ 500 km², située dans le nord du Portugal au sud-est du district de Bragança, le long de la frontière avec l'Espagne, et couvrant la municipalité de Miranda do Douro et une partie de celle de Vimioso.

Le nombre total des locuteurs du mirandais est estimé à l'heure actuelle entre 12 000 et 15 000 personnes, la valeur la plus basse enregistrée depuis au moins deux siècles. Sous la pression des Portugais et de l'influence croissante du castillan, le mirandais a réduit sa sphère d'emploi dans les relations familiales et les relations de voisinage. En outre, la zone géographique couverte par le mirandais est en régression constante.

[...]  Le mirandais est, comme toutes les langues naturelles, un héritage culturel d'une valeur incommensurable. Cette langue fait partie de la culture d'un peuple, non seulement pour être l'une des façons dont la culture s'est exprimée, mais elle est avant tout un outil de communication, d'identification et de mémoire collective.

La défense de la langue mirandaise repose essentiellement sur le dévouement et l'utilisation de ses locuteurs, mais le mirandais est également un engagement culturel et patrimonial que l'État portugais ne pouvait pas nier. L'Administration ne peut pas, par conséquent, démissionner de cette responsabilité historique.

En conséquence, en vertu des dispositions constitutionnelles et des dispositions réglementaires, les membres soussignés présentent le projet de loi suivant:

Article 1er

La présente loi vise à reconnaître et à promouvoir la langue mirandaise.

Article 2

L'État portugais reconnaît le droit de cultiver et de promouvoir la langue mirandaise, son patrimoine culturel, outil de communication, et de renforcer l'identité de la «Terre de Miranda».

Article 3

Le droit des enfants à apprendre le mirandais est reconnu, conformément aux règlements.

Article 4

Les institutions publiques situées ou ayant leur siège social dans la municipalité de Miranda do Douro peuvent émettre des documents accompagnés d'une version en mirandais.

  • Article 5

    Le droit à l'instruction et au soutien scientifique pour la formation des enseignants de langue et de culture mirandaises est reconnu, conformément aux règlements.

    Article 6

    La présente législation doit être réglementée dans les 90 jours après son entrée en vigueur.

    Article 7

    La présente loi entrera en vigueur trente jours après la date de sa publication.

    Miranda do Douro, le 20 octobre 1998.

    Le président de la Commission

    Pedro Pinto


 

 

Portugal